segunda-feira, 14 de julho de 2008

CANSADO E FARTO

Estou cansado!

Muito cansado!

Um ano infernal........

Muito trabalho.......

Mestrado......... e ainda nem sequer é a tese!!!!!!! Mas isto não conta para o que vou escrever a seguir.

Ainda hoje, no final da última sessão intensiva de uma acção de formação, que me foi imposta e que fui obrigado a frequentar neste momento, fazia as seguintes contas:


Neste ano lectivo:

Conselhos Pedagógicos Ordinários e Extraordinários: 24 reuniões;

Reuniões de Departamento: 15 reuniões;

Reuniões informais de trabalho, dos mais variados tipos e de várias estruturas educativas: 20 reuniões;

Conselhos de turma de avaliação de final de período: 3 X 5 turmas = 15 reuniões;

Conselhos de turma de início de ano lectivo, intercalares e de adaptações curriculares para alunos NEEs: 16 reuniões;

Reuniões da Avaliação Interna até ao momento da Avaliação Externa (Inspecção): Perdi a conta, mas vá lá, conto apenas 5;

Reuniões com as Senhoras Inspectoras: 3;

Reuniões de Assembleia de Agrupamento: 3;

Reuniões informais do Projecto da Promoção e Educação para a Saúde: 6;

Reuniões com o Gabinete de Saúde: 2;


Somando as parcelas:24+15+20+15+16+5+3+3+6+2 = 109 Reuniões

Se pensarmos que a duração média de cada uma é de 2 horas, excepto as do Pedagógico em que a duração média será nunca inferior a 7 horas, é muita hora de reunião.

Se as dividisse pelo número de semanas do ano, incluindo as do mês de Agosto, pois nesse mês só há as do Conselho Executivo e do Administrativo e do grupo de horários, daria uma média de:


Duas reuniões por semana!! Incluindo os dias de férias e a ceia do Natal.


Claro que se somarmos a este tempo, todo aquele em que preparamos aulas, elaboramos testes, grelhas de correcção, critérios de correcção, fichas de trabalho e a sua correcção, trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, enfim, tudo misturado com o tempo utilizado e investido a encaminhar aquelas alunas para a Ajuda de Berço, a socorrer aquele aluno que pela primeira vez tem um ataque, aquelas alunas com bulimia e aquele aluno que saiu de Portugal e que tinha uma arma e que se viu metido em trabalhos, mais etc, etc, etc, pois os meus alunos são boas pessoas e precisam de mim. Mais do que muitos outros que vivem na Lapa e a festa de aniversário é no respectivo hotel. Os meus alunos são da Quinta da Fonte, do Bairro do Talude, do Bairro do Grilo e de Fetais, de Camarate e da Apelação e do Catujal e de Sacavém, do Cabeço da Aguieira e vejam lá, até também aqueles que nem sabemos bem onde vivem, ou sobrevivem........

Podemos juntar ainda mais algum tempo:

Mais algumas reuniões soltas como é o exemplo da reestruturação de toda a planificação de algumas turmas do 5º Ano e do 6º Ano, com a professora que veio substituir aquela colega que falta sistematicamente desde há 4 anos e que como justifica as faltas que quer e o faz dentro da lei e o Ministério e a Senhora Ministra nada fazem para acabar com este tipo de abuso que continua a acontecer e acabam por ser os que trabalham a trabalhar mais e a serem cada vez mais penalizados e esforçados e se tiverem o azar de ficar doentes estão tramados que até não podem ir ao seu médico porque não é da ADSE e tem de ser da ADSE porque senão o atestado não é válido e é uma grande chatice e que estes professores vão para o raio que os parta como aquela colega que torceu o pé e meteu baixa durante meses mas que para andar na rua conseguia e coiso e tal ao contrário daquela colega que esteve quase à morte e ainda foi trabalhar dois dias antes da operação em que lhe tiraram parte do Fígado, a Vesícula e tiveram que raspar o Intestino Delgado porque a infecção estava espalhada e que durante semanas não comia e vomitava todos os dias e às que faltam nada lhes acontece e a esta ninguém lhe deu um louvor porque quase ter perdido a vida para que os alunos não ficassem sem a sua avaliação!!!!!


E AGORA O MILAGRE:

Ainda há quem tenha inveja e considere que os professores são uns privilegiados.

Que considere que tudo aquilo que a Senhora Ministra faz está bem e que até nem devia, por favor, Desistir, como diz o R Precision.


Aquilo que eu digo será:

POR FAVOR, SENHORES PROFESSORES,

NÃO DESISTAM!!!!!!

P.S. Não me apeteceu ir à procura de erros.....!!!

10 comentários:

Luis Grave Rodrigues disse...

Ou seja:

Este número infernal de 109 reuniões representa as seguintes horas de trabalho:
24 Conselhos Pedagógicos a 7 horas por cada conselho (vou fazer de conta que acredito), dá 168 horas de trabalho.
Das restantes 85 reuniões, a uma média de 2 horas cada uma, dá 170 horas de trabalho.

Quer isto dizer que temos um total de 338 horas de trabalho num ano inteiro, só em reuniões.
Que trabalheira!
De facto, se dividirmos estas 338 horas por 48 semanas (que são as 52 semanas do ano menos as 4 semanas do mês de férias a que os professores tão merecidamente têm direito) isto dá a fantástica média de 7 horas de trabalho por semana.

Mas isto é uma loucura!
Para um professor que dá 15 horas de aulas por semana, isto dá praticamente 22 horas de trabalho numa só semana.
Não pode ser!
Como os restantes funcionários públicos trabalham 35 horas semanais, isto só dá uma sobra de apenas 13 horas de trabalho por semana para preparar aulas, elaborar testes, etc.

Isto é uma injustiça!
É uma autêntica escravidão!

Mas há mais:
Muito mais se pensarmos que todos os restantes funcionários públicos têm a sorte de dividir as suas 35 horas de trabalho semanais por 5 dias de trabalho.
O que dá uma razoável média de 7 horas por dia.

Ora, como os professores têm de ter um dia de folga por semana, vêem-se obrigados, coitados, a dividir as suas 35 horas de trabalho pelos restantes quatro dias da semana.
O que dá uma média alucinante de 8,75 horas de trabalho por dia, e com somente três dias por semana para descansar.

Não admira que haja professores que finjam que têm a perna partida para fugirem a esta autêntica insanidade.
E não admira que os professores o manifestem tão espontaneamente em manifestações no Marquês de Pombal, onde se calhar esteve presente a tal professora da perna partida, sem que os seus ingratos colegas lhe tenham sequer reconhecido o esforço, a dedicação e a militância corporativa que isso tão bem demonstra.

Senhora ministra, por favor não desista!


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RetalhosNaVidaDeUmProf disse...

Coitado de ti.

Continuas a ignorar os dados.

V~e lá bem qual é o tempo que os professores têm que passar obrigatoriamente na Escola.

Componente lectiva = aulas, não são 15......!

Mas mesmo que fossem, a componente não lectiva de prestação de serviço no estabelecimento de ensino aumenta na proporção necessária para perfazer 28 horas no seu total.

Percebes??????

Agora pegamos nas tuas contas, pois foste tu que as resolveste fazer, e a essas 28 horas juntamos a tua razoável média de 7, o total é de 35 horas semanais.

Claro que para ti isto é justo, pois é o horário de trabalho do funcionário público comum.

Então vai pedir ao funcionário judicial, ao do arquivo de identificação ao a qualquer outro de um notário ou loja de cidadão, se pode passar a levar os teus processos para casa, estudá-los, prepará-los e corrigi-los para tos entregar no dia seguinte.


QUANDO É QUE METES NA CABEÇA QUE O TRABALHO DO PROFESSOR NÃO ACABA QUANDO SAI DO SERVIÇO????

Palhaço....

Luis Grave Rodrigues disse...

Sabes uma coisa?

O problema não está no facto de o trabalho do professor não acabar quando sai do serviço.

Isso acontece com inúmeras outras profissões.

O problema está precisamente no facto de o trabalho de alguns professores não começar mesmo quando entram ao serviço.

E, obviamente, no facto de nada os distinguir dos restantes professores.

E também, claro, no facto de TODOS os professores se conformarem com isso.

E ainda no facto de NENHUM deles se aperceber disso.

Nem TU!

Palhaço!!!


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RetalhosNaVidaDeUmProf disse...

Estás enganado.

O problema reside no facto de nada acontecer aos que não cumprem.

De penalizar para além de toda a ética moral os que cumprem.

Continuas a apresentar os mesmos argumentos, os quais, de tão estafados que estão, já nem sequer a própria equipa ministerial se atreve a utilizar.

Queres um exemplo de justiça e honestidade política e profissional, aliás, um exemplo da sua falta:

As licenças sabáticas estiveram suspensas, porque o normativo estava a ser revisto. Tudo bem.

Mas a certa altura, mais concretamente a 5 de Maio sai a nova legislação, a qual declara que os processos de concurso a licença sabática teriam que ser entregues até ao dia 31.
De Maio??? Nãoooooo!
Mais uma tentativa!
De Abril? Nãoooo podia ser. Isso era antes da publicação em Diário da Républica.
Pronto, mais uma tentativa, mas é a última!!!

Não sabes???? Era até ao dia 31 de Março. Fantástico Mike! Isso é espectacular.

Pronto, mas de repente lá fizeram a excepção.
E assim, com grande consideração por aqueles professores que estão a pagar, uma formação altamente especializada, do seu bolso (milhares de euros) e nas suas horas para estar com a família, à noite e nos fins de semana, permitem que, na altura das avaliações finais nas Universidades e no final do ano lectivo nas escolas, em que o volume de trabalho é tal que se perde a dimensão do dia da semana em que nos encontramos, o que faz o Ministério??

Maravilhoso. Sinto-me feliz!!
Permitem que do dia 2 até ao dia 7 de Julho organizes um processo moroso, impossível de concluir, claro está, para aqueles professores que não faltam ao serviço e que também não querem chumbar nos exames. E dizes tu que agora é que se diferenciam os bons dos maus?

E queres tu que eu me conforme com isto?

Não achas que esta situação é uma falta de respeito e uma grave lacuna de forma e acção, em Democracia??

Eu e muitos outros apercebemo-nos disto e de muito mais.

A ti, falta-te aquele bocadinho assim....

Mas olha que à Ministra não, porque, com toda a certeza, nunca se engana e raramente tem dúvidas.

Luis Grave Rodrigues disse...

OK!

Confesso!

Estou enganado!!!

De facto tens razão: «O problema reside no facto de nada acontecer aos que não cumprem».

Assim sendo, continua lá a tua lição e dizme duas coisitas:

1ª- O que defendes que deve acontecer «aos que não cumprem»?

2ª- Como distingues os que cumprem dos que não cumprem?


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RetalhosNaVidaDeUmProf disse...

Respostas:

Castigar os médicos que passam atestados falsos.
Castigar os professores que os entregam.


Demitir a Ministra e a restente equipa que, apesar dos esforços das escolas, teimam em mudar tudo menos aquela parte em que, no dia-a-dia vemos os "baldas" a progredir em cada nível na carreira da mesma forma.

MAS MUITO MAIS PODERIA SER DITO!

Anónimo disse...

Podem continuar... estou a gostar.
Quem vai falar agora da porcaria dos sindicatos dos professores...?

Anónimo disse...

Trabalho numa multinacional e tenho objectivos para cumprir. Assim num mês tenho que fazer o que é proposto, se precisar de fazer horas não me pagam nada. Quero dizer que o meu horario são 40 horas.e só tenho um 22 dias uteis de férias.

E não me queixo nada, o importante é receber no fim do mês.

RetalhosNaVidaDeUmProf disse...

O seu comentário já é uma queixa.

Mas eu também sou obrigado a cumprir com os objectivos.

A diferença é que passo a vida a ser insultado e menosprezado por outros;

Não posso fazer férias como os outros;

O meu trabalho não acaba quando saio de Escola, muitas vezes antes pelo contrário;

Quando estou no local de trabalho tenho que estar permanentemente preocupado, muitas vezes com os momentos de pausa mais stressantes do que os das aulas.

Num desafio constante de manter a autoridade, o respeito e a boa educação dos alunos, ao mesmo tempo que consigo que eles sejam meus amigos e gostem das aulas. Numa multinacional parece-me que as relações humanas são um bocadinho mais fáceis, não?

Até porque se alguém não cumprir é despedido. Nas Escolas não se podem despedir os alunos, pois, muitos deles, (concerteza não será o seu caso, mas é o de milhares), já foram despedidos pelos próprios pais que vão trabalhar para as multinacionais, quando tem a sorte de não estar desempregados.

Sabe, isto de ser professor é mais difícil do que parece, pois para além do trabalho, é preciso lutar contra o preconceito de que esta é uma profissão fácil e cheia de benefícios, além de que, os professores não prestam e são "baldas".

E poderia estar por aqui mais algumas dúzias de parágrafos....

Cumprimentos

Anónimo disse...

Caro professor concordo inteiramente com o seu último parágrafo, pois tenho familiares próximos que são professores.

Por isso entenda o meu comentário como um desabafo, pois ainda recentemente um colega meu foi despedido com 12 anos de casa.

Quero ainda afirmar que para mim os professores são uns dos elementos chave da nossa sociedade apesar de não se lhes dar o devido valor, como diz por causa de alguns "baldas".

cumprimentos