segunda-feira, 22 de junho de 2009

MODA EDUCATIVA - UMA METÁFORA

O local é agradável e a ocasião também:

No Centro Cultural de Belém em dia de Mercado do Solstício (como é evidente só há dois por ano).

Já de regresso e aproveitando a sombra e a aragem dos blocos de pedra, o A., falando como de costume pelos cotovelos, declarou-me que se podia olhar para as roupas e para o que as pessoas usam, como se olha para a Língua Portuguesa.

Perguntando-lhe como, ele respondeu-me:

- É simples Papá!

TUDO o que vestimos e usamos é o TEXTO.

A INTRODUÇÃO é a parte de cima, o top, a camisa, camisola, manga curta, manga comprida ou de alças.

O DESENVOLVIMENTO é a saia, as calças, os calções, a parte de baixo.

A CONCLUSÃO são os sapatos, o calçado.

E sabes o que é a joalharia, jóias, pulseiras, colares, brincos?

SÃO OS ADJECTIVOS!

SABES PAPÁ, PODEMOS CHAMAR A ISTO A MODA EDUCATIVA!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eleições Europeias - 7 de Junho

A PROPÓSITO DAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES EUROPEIAS!

Por não saber em quem vou votar, mas que de certeza vou votar!

Por ter a certeza em quem não vou votar!

Lembrei-me, ao assistir aos vários tempos de antena e ao consultar programas eleitoriais de alguns partidos e movimentos políticos, das palavras do nosso velho sábio José Maria dos Reis Pereira.

CÂNTICO NEGRO

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes teCtos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!